Abastecimento de Água no município de Soledade- RS
A hidrografia de Soledade é dividida entre as Bacias do Alto Jacuí (60%) e do Taquari-Antas (40%). O município é composto por nove microbacias sendo cinco para o Alto Jacuí (Porongos, Espraiado, São Bento, Butiá e Rio Caixões) e quatro do Taquari-Antas (Rio Fão, Rio Forqueta, Lajeado Engenho Velho e Arroio Pedra Grande). O município tem 30.044 habitantes: 24.032 na área urbana e 6.012 nas áreas rurais. O abastecimento urbano de água é realizado pela CORSAN (Companhia Rio Grandense de Saneamento) e nas áreas rurais pelo município.
A captação de água para tratamento pela CORSAN é realizada no Rio Espraiado no volume de 84 litros por segundo. A Estação de Tratamento (ETA) localiza-se na área urbana há 12 km do local de captação para onde a água é bombeada. Existem também dois poços artesianos com capacidade de produção de 20 m³/h e 18 m³/h respectivamente que estão localizados na área urbana. A CORSAN possui quatro reservatórios sendo três elevados e um semi enterrado, com capacidade máxima de 1800 m³ de reservação. Os reservatórios elevados são no pátio da ETA (500 m³), no centro da cidade (250 m³) e no Bairro Ipiranga (50 m³). O reservatório semi enterrado com capacidade de 1.000 m³ está no pátio da Estação de Tratamento.
A cobertura do abastecimento de água na área urbana é de 100%, com hidrômetros em 93,10% das residências, excetuando-se somente os condomínios e imóveis suspensos. O volume de água tratada disponibilizado é de 165.335 m³ mensais, porém são utilizados somente 93.269 m³, com perda de 43,59%. O volume disponibilizado por unidade é de 16,78 m³ mensais com utilização de 9,47 m³ e perdas de 323,82 litros diários (dados de março/2011). Estas perdas são causadas por dificuldade de monitoramento das redes que somam 96.177 m com diâmetros diversos e que apresentam desgastes em muitas áreas, vazamentos de quadros e ramais de ferro antigos, possíveis interligações clandestinas e falta de cuidados da população com a racionalização do uso da água. Isto ocasiona um índice baixo de eficiência do sistema operacional, elevando os custos de operação e manutenção.
Estão sendo realizadas diversas ações para reduzir as perdas: : substituição de 13 km de tubulação, ramais e quadros antigos, pesquisa, conserto e controle de vazamentos, revisão e fiscalização de imóveis com abastecimento suspenso, detecção e regularização de ligações clandestinas e substituição de hidrômetros parados e quebrados. Para reduzir os gastos com constantes manutenções e interrupções no abastecimento de água foi solicitada a ampliação da capacidade de reservação (construção de mais um reservatório de 1.000 m³), substituição de 12 km da rede adutora de água bruta de 300 mm para 400 mm e instalação de um grupo motor bomba novo e automatizado no 1º recalque. Estas obras estão sendo solicitadas via recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para municípios com menos de 50.000 habitantes. É exigência para obter tais recursos o município ter aprovado o Plano Municipal de Saneamento, sendo que Soledade foi uma das primeiras cidades a elaborar este plano. O contrato do município com a CORSAN é válido até 2033 e prevê além da exploração econômica a realização de ampliações e melhorias, sendo regulado e fiscalizado pela Agência Estadual dos Serviços Públicos Delegados (AGERGS) do RS.
Na área rural a gestão do abastecimento é do município através da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente e atende 57,68% da população. 21 poços com rede de distribuição de 189.504 m atendem 852 famílias. Destes, 17 poços estão com a rede de distribuição completa e 04 poços com rede instalada de 5.300 m necessitam ainda de 44.750 m para abastecerem mais 137 famílias. Existem mais 04 poços perfurados e sem canalização e são necessários mais 05 poços e as respectivas redes para atingir o objetivo de abastecer 85% da população rural. Os problemas que dificultam a consolidação do abastecimento da água nas áreas rurais são os custos elevados para a perfuração dos poços e instalação das redes, baixa arrecadação que não cobre os custos de manutenção com qualidade, ausência de hidrômetros e dificuldades gerais de estruturação e modernização do sistema. O desperdício e a resistência dos usuários em pagarem a taxa instituída pelo município também contribuem para as dificuldades de universalização do atendimento da população rural.
REFERÊNCIAS:
- Plano Municipal de Saneamento Básico de Soledade;
-Agradeço à CORSAN/RS - agência de Soledade, pelas informações indispensáveis para a elaboração deste artigo.
Antonio Silvio Hendges,
Agente Educacional da SEC/RS; professor de Biologia; assessor em Tendências Ambientais, resíduos sólidos e Educação Ambiental; articulista em revistas e portais eletrônicos.
Email: as.hendges@gmail.com